19 dezembro 2008

FINALMENTE!!!!!


FINALMENTE!!!!!
Acabou a mudança, acabou. Não quero ouvir falar em mudanças de casa nos próximos anos. Recuso-me. E nunca mais, mas nunca mais vou comprar porcarias que sei que na realidade não vou utilizar mais do que duas ou três vezes (a não ser para a cozinha e livros). E sim, a partir de agora só de metro. Já que vives numa cidade em que os transportes públicos funcionam, usa-os. Não está certo que depois de ter entregue as chaves de casa, e ter carregado “o ultimo carro” para a “última viagem”, que o estupor do “bólide” (como diz a italiana), às 19.30 da tarde resolva dar ares de personalidade e pura e simplesmente parar numa rua com uma só faixa (carros estacionados de um lado e de outro). Toca a chamar a grua toca a telefonar para os novos “colegas de casa” e avisar que afinal o jantar fazem-no eles, se quiserem.
Passaram 24 horas e já estou em Portugal! Lisboa com a luz de sempre, limpa, daquela que dá uma cor especial à paisagem, e finalmente ao fim de não sei quantos dias vou publicar mais um post.
Fui ao pingo-doce e encontrei um molho de grelos (por Espanha é coisa que não sabem o que é), uma moura (chouriço de vinha de alhos) de Lamego, tomilho, uma cebola pequena e um alho. Para acompanhar vai um “naco” de lombo partido aos bocados e temperado com salpimentaalhoenozmoscada.
Faz-se um refogado com a cebola, o alho, passados 2 min juntam-se duas ou três rodelas de moura e deixa-se refogar tudo lentamente. Lavam-se bem os grelos e panela com eles. Mexe-se bem, tapa-se e espera-se até que esteja no ponto.
A carne grelha-se assim mesmo numa frigideira, das que não agarram.
O resultado não foi mau mas podia ter sido melhor. Da próxima vez junto uns graus de arroz aos grelos para suavizar um bocado a coisa.
Bom apetite.

13 dezembro 2008

A problemática da sande ou sandes ou sanduíche ou sandwich.



Não sei porquê, mas não gosto da palavra sande (o mesmo se aplica a sandes). Não tem jeito nenhum. Não evoca nada, não faz trabalhar o imaginário, é fria, vazia de conteúdo. Não tem nada de português. Posso estar muito enganado mas é isso que me faz sentir. Sanduíche é um derivado da irmã anglo-saxã "sandwich”. Também não serve. O piro é que não há alternativa, ou se a há eu não sei. Insatisfeito ou ignorante, qual delas a melhor. Nesse aspecto estou mais deacordo com os nosso vizinhos espanhóis que lhe chamam um “bocadillo” ou directamente um “boata” e siga, pode ser de qq coisa, um bocata de queso outro de jamon e por aí fora . É verdade que ao dar nomes próprios a sandes específicas (o prego, a bifana, o cachorro) facilitamos um bocado as coisas, mas estamos apenas a chutar para canto. Assim que espero sugestões. Eu para estas coisas linguísticas sou muito mau, não me atrevo.

Como não deixo a sugestão linguística deixo a gastronómica.

Pão árabe com rúcula, queijo da serra com azeite e sementes de coentros.E faz-se assim:

1- Abram o pão ao meio e tostem-no um minuto numa grelha.
2- Num almofariz desfaçam as sementes de coentros com um bocadinho de sal e depois acrescentem umas colheres de azeite.
3- Besuntem o pão com parte do preparado, depois a rúcula, seguido do queijo desfeito aos pedaços. E espalhem o resto do azeite aromatizado.

11 dezembro 2008

A primeira vez em grupo…..

A primeira experiência gastronómica em que fui o responsável por alimentar conscientemente algumas almas esfomeadas (corajosas) deveria ter uns 13 ou 14 anos e e eram em número de quatro (poucos, portanto).
Foi num verão e numa acampada com os primos na Serra do Gerês. O mais velho (que não era eu) preparou um arroz malandro (mais por não saber as proporções do que por sabedoria) com uma lata de atum para cada um. Quando vi o arroz pensei “bem, isto vai ser bonito, a comer canja com atum todos os dias…“ e saiu-me ”ó Pastor este arroz de malandro não tem nada…. Isto é mais tipo pirata! Não?!” a resposta foi curta e pragmática “O jantar és tu que o fazes”. E pronto nesse momento para o bem e para o mal ficou decidido que o jantar era da minha responsabilidade.
Ora, sorte a minha, nestas acampadas há sempre um casal mais sénior que conservam o hábito de passar as férias em contacto com a natureza, normalmente são simpáticos e muito prestáveis quando vêm um grupo de jovens em apuros. Pensei logo que a senhora (já não me lembro do nome) nos (ou a mim, por orgulho próprio) poderia ser a minha salvação neste momento de dúvidas; primeiro porque alguma coisa tinha que fazer e segundo porque tinha obrigatoriamente que ficar melhor que a canja do almoço para bem da minha auto-estima e da minha imagem. A solução mágica saiu da boca da minha nova amiga guru salvadora anjo da guarda e consistia em fogo lento e na proporção de 1 de arroz para 2,5 de agua e se visse que tal que acrescentasse mais um bocadinho de água. E assim foi. Claro que achei que a água não chegava, ainda o arroz n estava cozido e já a água tinha desaparecido. Juntei-lhe umas latas de polvo em conserva e o respectivo molho, umas gotas de tabasco, sal e pude dizer triunfante perante 3 pares de olhos esfomeados que tinha feito um belo arroz de polvo.
Um deles disse que preferia ir aquecer a feijoada à transmontana que tinha na despensa de conservas”, mas os outros três comeram tudo e pela minha primeira vez não ficou um grão na panela. Eu? Dou os méritos todos à RAMIREZ , conservas S.A. de Matosinhos…..

09 dezembro 2008

Cinema e cozinha, momentos de inspiração.



Hoje não tenho grande trabalho, antes de Janeiro não começo a ver outra amostra das algas que ando a estudar, as contas estão feitas, o poster para o congresso de Janeiro está feito, ninguém me tem telefonado para comprar os últimos moveis da casa que me falta vender, enfim tá tudo mais ó menos “undercontrol”.
Venho aqui deixar-vos dois filmes.

El hijo de la novia”, que vem da Argentina e “Politiki kouzina” co-produção Greco-Turca.

O tema central não é a cozinha mas é neste espaço que nos dois filmes os seus actores se reencontram com o carinho. Condição indispensável para obter um prato minimamente aceitável. Recomendo vivamente a compra dos ditos ou se preferirem descarreguem mesmo da Web, que é mais fácil e mais barato.

O calor dos sorrisos no primeiro caso e a intensidade das cores do segundo aquecem a alma.

08 dezembro 2008

Risotto de favas tenras, a vingança do vendedor em mudanças



Há semanas assim. O trabalho sufoca. Chega-se a casa e só se pede por um bom prato para acalmar a fome e aquecer o corpo nestes dias de inverno.
Para pôr as coisas no seu contexto digo que estou em mudanças e no caminho percorrido da universidade a casa telefonam-me a dizer que estão interessados no frigorífico e se possível passam em 2 horas para leva-lo. Ainda bem, penso, menos uma coisa, mas reflectindo mais profundamente chego à conclusão que afinal o melhor seria tê-lo mantido mais uma semana para que pudesse desfazer-me das coisas que lá estão à velocidade permitida pelo meu estômago e não à velocidade exigida pelo comprador.
E pronto lá foi a máquina, e lá ficou o seu conteúdo espalhado pela cozinha, sala e outros espaços que no momento estavam livres.
Ok, há que livrar-me de algumas coisas e já, senão estragam-se, apesar do frio que se faz sentir.
E aqui vai a minha proposta.
Um belo bife acompanhado por um risotto de favas (que podia perfeitamente ser por si só um excelente jantar).

Tudo começa assim:
1. Uma cebola partidinha aos quadradinhos e muito bem refogada com um alho. Junta-se umas tiras de presunto para dar consistência e não utilizar aqueles cubos de sabor industrial.
2. Juntam-se as favas e mexe-se tudo lentamente, observando e sentindo a integração dos vários aromas. Neste momento também se adiciona umas folhas de tomilho para enriquecer a base do prato, sal e pimenta à vontade do commensale.
3. Deve-se utilizar um arroz gordo e o mais homogéneo possível, colocando na panela e fritando-o um minuto, mexendo abundantemente para que o arroz comece a soltar o amido de onde virá a perfeita cremosidade mais tarde.
4. Ir adicionando aos poucos água previamente aquecida e salgada, nunca deixando de mexer para que o resultado seja redondo.

O arroz deve ser cozido "al dente" senão comemos uma pasta saborosa mas sem a consistência exigida.

Tava mesmo bom, não só porque as papilas gustativas dançaram, mas porque também na panela não ficou um único grãozito de arroz.